quinta-feira, 25 de setembro de 2014

sobre mais e menos,


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Dias mais ou menos não tem começo nem fim. Você só faz as coisas no piloto automático esperando que o dia mais ou menos acabe. Pode ser trabalhando mais ou menos, ou dormindo mais ou menos, ou atualizando o facebook 100 vezes, sempre mais ou menos.  


Os períodos mais ou menos te dão uma certa preguiça inconsistente de se animar com algo. Tudo, exatamente TUDO, parece morno. O que antes parecia emocionante, ficou morno. A cama ficou morna, o chuveiro ficou morno, as palavras estão quase geladas. O olhar fica morno, e a conversa, ah!, a conversa nem existe, porque você não consegue mais falar de coisas mornas.

O mais ou menos acontece de tempos em tempos. No fim de um ciclo, no meio dele, mas nunca no começo. Os começos são, em sua grande maioria, ou muito frios, ou muito quentes. Viver na metade nunca fez meu estilo.

Eu fico vendo os dias passarem e me perguntando quando vão esfriar ou esquentar outra vez. Me perguntando quando é que vai chover tanto dentro de mim que eu vou transbordar. Me perguntando o que tá faltando eu fazer pra ferver. É preciso do muito mais ao muito menos. Mais ou menos, meus caros, mais ou menos não dá.

Tanto faz correr pra baixo quanto pra cima. Tanto faz se vão gostar ou não. Tanto faz se vão me julgar errada ou certa. Tanto faz perder ou ganhar. Dói, mas tanto faz também.

Não dar o meu melhor pra mim mesma é uma das consequências dos períodos mais ou menos.  É melhor pular de um avião, apostar uma corrida, comer uma lata inteira de brigadeiro. Mas ficar no mais ou menos, isso não dá mesmo.

E repito tanto pra ver se me escuto. Pra ver se me animo, se decido. Pra ver se desapreço com esse período ameno da minha curta vida. Se queimo o dedo na panela de propósito ou se cozinho a melhor macarronada de todos os tempos. Se bebo até perder o sentido ou se fico só na água pra não causar danos maiores. Mas é preciso decidir.

 Se mais, se menos. Na metade não dá pra ficar por muito tempo.