segunda-feira, 28 de março de 2011

do que vem de mim,


“Tenho que acordar cedo, tenho que acordar cedo”. Ela pensa enquanto fixa os olhos na tela do notebook e faz seus dedos conversarem com todos os amigos que a tecnologia pôde lhe dar. “Tenho que acordar cedo”, e olha no relógio que já marca meia noite e meia. E quando seus olhos se fecham por alguns instantes, carregados de sono, ela acorda e decide enfim, desligar-se do mundo, viver off-line. “Tenho que acordar cedo”, ainda pensa enquanto programa o despertador em três horário diferentes, pra ter certeza de que pode dormir mais um pouquinho ou não pode dormir mais nada. “Tenho só mais cinco horas pra dormir”, é no que ela pensa depois. E apaga a luz do quarto, que fica escuro, e trancado. Nunca conseguiu dormir de porta aberta. E pensa, e olha mil vezes no visor do celular a procura de uma mensagem, uma ligação perdida, um sinal de vida. E começa a refletir, e pensa, e pensa, e lembra. E fica inventando situações, cenas, vontades. E pensa no que quer, no que não quer, no que gostaria. Pensa muito, até os pensamentos virarem sonhos e, ainda sim, existirem em sua mente como contos mal-interpretados, histórias de contos-de-fada.

O despertador toca uma vez e ela se levanta. Desliga, olha pro horário. “Estou atrasada”. E o segundo pensamento é até mais comum. “Uma hora e meia até a faculdade”. E pega o shorts que mais gosta na gaveta, por já não mais saber vestir calças em Manaus. E, em uma gaveta repleta de blusas brancas (que não absorvem calor, teoricamente), retira uma, se veste e se põe a, mecha por mecha, destruir os cachos que já não mais compõe seus cabelos. E se pinta, batom rosa, rímel, olhos bem marcados. E sai, com o fone de ouvido no último volume, para não escutar os ruídos do mundo. E entra em um ônibus lotado, mas que ela já sabe andar. E tem consciência que, pontos à frente, a maioria das pessoas desce e sempre sobra o lugar lá na porta da saída, o lugar mais alto do ônibus, onde a janela ventila bem, do lado direito, afinal, depois do retorno, o sol bate no lado do motorista. E vai, ouvindo canções da sua vida e lembrando-se de quanta gente deixou pra trás. E quantas vezes se pergunta por que fez isso, por que fugiu aos seus, porque tão longe de casa? E de onde tanta coragem?

E, uma hora depois, ela desce no meio de outras centenas de pessoas, indo pra diversos lugares. O terminal é apenas um pedaço do caminho que foi percorrido. E espera, espera e espera o ônibus que a levará até o campus. “Estou atrasada” é só o que consegue pensar ao conferir as horas no relógio. E enfim, se vê dentro do ônibus, que, muitas vezes são três, ao invés de dois, na busca de rotas alternativas, mais dinâmicas, rápidas, menos cansativas.

E chega, e corre pro banheiro para lavar as mãos e retocar a maquiagem. E vai até a sala, onde senta, acomoda-se no aconchego do ar condicionado, copia e tenta se atualizar no que esta acontecendo lá. “Perdi a primeira chamada, droga!”. E fica, e pensa, e reflete, e se entrega a seus pensamentos quando, em algumas vezes, cai no sono e acorda preocupada em ser notada. E pensa no futuro, nos planos e nas ações que a levarão até eles. E responde a segunda chamada, e conta às amigas as novidades do fim de semana, os últimos acontecimentos do caso.

E se levanta. E caminha até o R.U, pega fila, dá risada, conversa, vê gente. Come, debate, e caminha até a entrada do ICHL. Vez ou outra vai ao cinema, assiste a uma palestra, passa a tarde conversando, vai ao shopping, ao centro. Porém, na maioria das vezes, entra no ônibus e faz o caminho inverso. Meia hora até o terminal, uma hora até sua casa. E o celular tocando as canções que ela usa pra esquecer o tempo, esquecer o cansaço, esquecer o calor.

E pensa, e canta, e sonha. Andar uma hora e meia traz a vontade e a necessidade de pensar em tudo. “Nem acredito que cheguei”, ao avistar o condomínio, debaixo de todo aquele sol. E se joga debaixo de um chuveiro gelado, deixando a água correr pra se sentir viva. E sai, e troca de roupa, e liga o computador. E vê seus pais, diante da câmera, e ri, e conversa. “Que saudade”. Vez ou outra redige a tarefa do dia seguinte. Vez ou outra lê um ou dois capítulos do livro que a interessa tanto. Vez ou outra dorme sobre a meia luz que o pôr-do-sol faz em seu quarto. E acorda, e come, e espera uma mensagem. E vai pra frente da TV, e aliena-se parte do dia. Precisa disso, se desligar, pensar em nada ou, simplesmente, não precisar pensar.

E volta ao quarto, e conversa, e deixa seus dedos falarem com todos aqueles de que sente tanta saudade. E digita, e ri, e escreve. “Nossa, como é tarde!”. O relógio já marca mais de meia noite. “Tenho que acordar cedo, tenho que acordar cedo”. Ela pensa enquanto fixa os olhos na tela do notebook e faz seus dedos conversarem com todos os amigos que a tecnologia pôde lhe dar. “Tenho que acordar cedo”, e olha no relógio que já marca meia noite e meia. E troca os pensamentos por sonhos ...

quinta-feira, 24 de março de 2011

preferências,


Escolhi para minha vida viver fingindo que não sou, que não sinto e que não sofro. Escolhi contar histórias que não vivi, com personagens que não existem e cenas milimetricamente inventadas por vontade de personalidades e desejos insanos de realidade.

Escolhi andar pelo país, para conhecer muita e tanta gente a rir ponto de não ter espaço ou tempo pra me apegar à alguém. Escolhi fingir que não sou capaz de amar, de transparecer carinho, devoção. Escolhi chorar por dias a fio quando as pessoas simplesmente me abandonam, me deixam pra trás e eu escolhi sentir essa mesma dor, que corrói, que detona e que deixa um espaço vago adimensional dentro de mim.

Eu escolhi fingir que não sinto, que não sinto nada (bom ou ruim), pelas pessoas que atravessam meu carinho. Sofro por antecipação, precipito-me até o instante em que trago meses futuros aos primeiros dias. Escolhi ser independente mas sou, no fundo, totalmente acorrentada aos seus carinhos, seus braços, seus beijos.

Escolhi pra mim, não lidar com pessoas mais velhas, já que jamais suportei qualquer tipo de comando que não fosse o meu próprio. Eu finjo ser o tempo todo. E finjo tanto que, muitas vezes, acredito no mundo e nas situações que crio. E vivo, e tento e tento outras vezes. E bato na mesma tecla, choro as mesmas lágrimas, me empolgo da mesma maneira. E no final, finjo que sou eu, finjo que estou, finjo que nada sinto.

Quando na verdade sinto com todos os poros da minha pela, dependo com todas as forças que me compõe, e desejo e desejo você, seu sorriso, seu corpo.

Escolhi viver fingindo, escolhi.

segunda-feira, 21 de março de 2011

de precipitações,


Como sou vulnerável e dependente. Como me faço de forte, desapegada e no final, tudo acaba do mesmo jeito. Eu realmente não sei o que acontece comigo, só sei que, às vezes, conheço pessoas que tenho vontade de abraçar e não soltar nos próximos 7 dias que se seguirem. Ai, eu me machuco. Ou fico como estou agora, com medo de sentir. Tá gente sei que sou precipitada, se mas não consigo ser diferente. Fico o tempo todo pensando que, meu sentimento pelas pessoas é inversamente proporcional a vontade delas de estar comigo. Quanto mais eu gosto, menos eu tenho. Aí, passo a viver com medo, com estranheza, com cautela. E eu fico assim, inquieta, querendo uma pessoa só, um beijos só, um carinho só e uma presença só. Esqueço tudo o que me incomoda e tenho uma vontade enorme de viver tudo de novo. A preocupação, a vontade, o envolvimento. Daí você se vai, e eu fico aqui, sofrendo. Quantas vezes isso já não aconteceu ? Daí eu me finjo de valente, de 'nem aí', quando na verdade sou a pessoa mais mimimi desse mundo inteiro. Pois é, só são três dias, vamos ver o desenrolar da história, afinal, é torcer pra não ter o mesmo final de todas as outras. Outro dia lhes conto o desfecho, o que me resta é torcer.

Por você, por mim, por nós.

quinta-feira, 17 de março de 2011

de melodias em mim,


O que todos procuramos ao voltar. Voltar pra onde? Você evita construir vínculos, na tentativa egoísta de não sentir saudades NUNCA. Mas, na prática, isso não acontece. A cada instante a mais, desde que você abre os olhos, você está em contato com milhões de pessoas, milhões de outras histórias, milhões de outros pontos de vista. Você sorri, sem motivo, sem qualquer motivo. E se despede, com vontade de ficar. Você volta pra um mundo que somente VOCÊ administra. Dorme a hora que quer, come o que cozinhar, vai pra onde quiser, isso SE o dinheiro der. E você acha que cresceu, acha que é livre, acha. Você só quer andar acompanhada e afirma, à todo instante, que não precisa disso. Mas, na verdade, você sabe que procura, a cada novo olhar, a cada palavra. E só você sabe o quanto é difícil enxergar que, na verdade, você tá procurando ele em alguém. E por isso, tá tão dificil de achar? Me liga, me chama pra jantar, ir ao cinema, ou que seja, tomar um sorvete. Lembra de mim, nem que seja um minuto do seu dia, quando não estiver pensando em nada. Se me dissessem, há três anos atrás, que você iria embora, eu não acreditaria. Eu teria a certeza de que todos estariam enganados, afinal, você disse que estaria ao meu lado SEMPRE. Que engraçado, eles estavam certos, mas, mesmo assim, o tempo não passou pra nós. E não é que você se foi mesmo? E não é que só o que deixou foi seu adeus fixados nos meus olhos? E não é que, o tempo passou pra nós? E hoje, não é mesmo que não sofro mais? Não sofro? Desejo, desejo com toda força que você possa estar aqui. Do mesmo jeito que se foi, do mesmo jeito que já foi um dia, com o mesmo sentimento, sem os erros, sem os outros. Se me dissessem, há três anos atrás, que você me deixaria, eu riria deles. Afinal, você me prometeu. E, por falar em saudade, onde anda você mesmo? E aqueles planos, mal construídos em cima de areia? Onde estão todos os sonhos? Ainda posso ouvir o riso que ecoou na noite em que falamos de nós mesmo. Nossa, tanto tempo aqui e eu falando de você. Esse texto tinha outra função, mas acabou chegando em você? Alguém vai dizer: deve ser porque ele não sai de você. E eu digo: deve ser porque nada jamais sai de mim. Sou um acumulo de sensações, um acumulo de desejos, um acumulo de vontades, um acumulo de histórias, um acúmulo de vocês. Porque no fim, todos somos. Entre CPM22, Pink, John Mayer, Tiê, Maria Gadú, Capital Inicial. Todos vocês ainda estão em mim. Eu deveria saber que 'pra sempre' não é nada.

Aliás, prefiro que sejamos nada. Dizem que NADA dura para SEMPRE.

quinta-feira, 3 de março de 2011

estágio,


A intenção inicial é matar as saudades. É chegar e reencontrar os amigos, as cenas familiares, a família. E poder abraçar e sentir o cheiro de costume, de rotina, de infância. A intenção é realmente essa. Daí, você sai, muda de rotina por um mês e tudo muda, tudo se transforma, todo o rumo das coisas se esvai. E você tem uma nova visão.

Tem novos amigos, novos rostos conhecidos, novos sorrisos. Você conhece novas pessoas, que te fazem mudar de opinião, que jogam seus conceitos irredutíveis na parede, que te contradizem, te desafiam e, assim, você cresce, você amadurece, você se apaixona por ideais que não são seus. Assim, quando você decide, o tempo já não esta mais a seu favor.

Três meses voaram e você se vê ali, a dias de ir embora, a dias de voltar pra sua realidade, pro seu destino. E você, que tinha a intenção de matar toda a saudade, agora sofre por antecipação pela saudade que sabe que vai sentir de todo mundo que conheceu.

De todas as ideias, de todos os conceitos, de toda pseudo rotina. E, por instantes, você decide ficar. Jogar tudo pro alto, só pra não perder denovo esses olhares tão aconchegantes como abraços. Esse sorriso, esse humor. Mas, isso passa. E você volta a realidade, a contar os dias que faltam pra você ir.
Parece injusto, mas foi algo que eu escolhi pra mim. Parece insensato, contraditório, mas não é. A sensação de dias contados, de perda, de saudade é o que me motiva a ir.

O fato de dar valor, a dias, a semanas, a momentos. Parece injusto, estranho, mas é .Vou sentir muito a sua falta. Vou sentir falta da sua imaturidade misturada com seu charme, da maneira como passa a mão na testa arrumando o cabelo com o indicador e polegar. Do jeito como seu rosto fica vermelho quando ta com calor, e do seu perfume, que toma todo o ambiente quando chega. Do seu sorriso, que tive tão poucas vezes ao meu lado, mas em que todas essas vezes me enxeu de sentimentos bons. 


De falar com você no msn, olhar pra cima do monitor e achar seus olhos lá, tímidos fixados na tela. De rir pra você me notar, andar pra você me notar, fazer você me notar. Te fazer se enxergar em mim. E mesmo sabendo que nada existiu, você foi a melhor coisa que jamais foi minha. E eu te proibo de me esquecer, te proibo de me perder, te proibo. E te proibo de ser tão contido.Na minha memória, o seu 'pra sempre', os nossos caminhos que trilham pra gente se ver, e meu reflexo pra sempre nas lentes dos seus óculos, né?