terça-feira, 27 de dezembro de 2011

sobre tudo que quero agora,


Quando tudo o que você quer é voltar pra casa. Sentir o cheiro do seu quarto, o clima frio da sua sala de estar e ouvir as discussões rotineiras da sua família.

Quando tudo o que você quer é ouvir sua vó dizer que você cresceu. E seus primos te pedirem pra ir pro rolê. Quando tudo o que você quer comer é aquele arroz-com-feijão da sua mãe e emprestar aquele batom novo para sua irmã.

Quando tudo o que você mais deseja é entrar naquele avião e sentir o cheiro de São Paulo. O abraço dos amigos, o beijo do namorado, a saudade consumida pela presença.

Quando tudo que você quer é que o ano mude e que 6 dias passem devagar, tão devagar que você possa apreciá-los vagarosamente como o ano que fica para trás.

Quando tudo o que você quer é voltar. E um Ano Novo melhor.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

é tempo,


Sempre chega a hora da solidão, sempre chega a hora de arrumar o armário, sempre chega a hora do poeta plêiade, sempre chega a hora em que o camelo tem sede.
Ana Carolina - O avesso dos ponteiros

Dói. E como dois, nos tornamos um. E como um esquerda e outro direita nos tornamos ambidestros. E na imperfeita simetria do ceder, nos unimos o sim e o não, e nos tornamos a certeza do incerto.

Dói. E como rotina, nos fizemos degraus um ao outro, lenços de papel, abraços. Estávamos à uma ligação, à um passo, à um bairro. Nossas discussões eram fogo, faíscas, fagulhas. Ardiam, queimavam e nós mesmos à assoprávamos, preparávamos o anti-séptico, o curativo, a pomada.

Dói. Nos conhecemos, nos entendemos, nos permitimos. Sabíamos do tempo, do espaço, do destino e do futuro, mas nos permitimos sentir. Aceitamos a dificuldade como desafio, a distância como impulso, o incerto como recomeço. Aceitamos viver sabendo dos limites do tempo.

Dói. A cada última noite, a cada último abraço, à cada último beijo. Os dias passando, as noites amanhecendo, e o tempo ficando cada vez mais curto pra nós. E na estranha sensação de impotência, te vejo escorrer por meus dedos, inalcançável, irreversível, incalculável.

Dói. A hora chegou. Vivemos sem pensar no amanhã e o amanhã chegou nos lembrando que sempre esteve ali. A hora chegou e teremos que soltar as mãos e voltar a caminhar sozinhos, nós por nós.

Dói te ver partir, dói me despedir, dói e só eu sei como tem doido todos estes últimos dias. Soltar sua mão, te ver voar, te deixar ir.

O tempo chegou, e é tempo. Tempo de partir, tempo de viver, tempo de começar outra etapa. Nos unimos cientes dos poréns, teremos que ser maduros para enfrentá-los.

É tempo de testar nossos limites. E jamais duvidar do nosso amor. Afinal, sempre chega a hora.