quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

é tempo,


Sempre chega a hora da solidão, sempre chega a hora de arrumar o armário, sempre chega a hora do poeta plêiade, sempre chega a hora em que o camelo tem sede.
Ana Carolina - O avesso dos ponteiros

Dói. E como dois, nos tornamos um. E como um esquerda e outro direita nos tornamos ambidestros. E na imperfeita simetria do ceder, nos unimos o sim e o não, e nos tornamos a certeza do incerto.

Dói. E como rotina, nos fizemos degraus um ao outro, lenços de papel, abraços. Estávamos à uma ligação, à um passo, à um bairro. Nossas discussões eram fogo, faíscas, fagulhas. Ardiam, queimavam e nós mesmos à assoprávamos, preparávamos o anti-séptico, o curativo, a pomada.

Dói. Nos conhecemos, nos entendemos, nos permitimos. Sabíamos do tempo, do espaço, do destino e do futuro, mas nos permitimos sentir. Aceitamos a dificuldade como desafio, a distância como impulso, o incerto como recomeço. Aceitamos viver sabendo dos limites do tempo.

Dói. A cada última noite, a cada último abraço, à cada último beijo. Os dias passando, as noites amanhecendo, e o tempo ficando cada vez mais curto pra nós. E na estranha sensação de impotência, te vejo escorrer por meus dedos, inalcançável, irreversível, incalculável.

Dói. A hora chegou. Vivemos sem pensar no amanhã e o amanhã chegou nos lembrando que sempre esteve ali. A hora chegou e teremos que soltar as mãos e voltar a caminhar sozinhos, nós por nós.

Dói te ver partir, dói me despedir, dói e só eu sei como tem doido todos estes últimos dias. Soltar sua mão, te ver voar, te deixar ir.

O tempo chegou, e é tempo. Tempo de partir, tempo de viver, tempo de começar outra etapa. Nos unimos cientes dos poréns, teremos que ser maduros para enfrentá-los.

É tempo de testar nossos limites. E jamais duvidar do nosso amor. Afinal, sempre chega a hora.

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